Queria seguir-te em silêncio, apenas admirado, mas meu
ser faz barulhos,
O coração atropelado, caindo, ao que as pernas tropeçam,
O sangue borbulha conversas que os segredos deveriam
manter ocultadas
As veias arregaçadas mataram as inocências todas, ao que
pulsa mais que os desejos,
Quando dos tempos indolente transfiguram-se os sacrilégios,
olhei-te por sobre os ombros e te vi nua
Amedrontam-me as orações que recolho nas chamas que me
queimam, apenas para a ti me mostrar santo,
A morte em ritual de sacrifício devassa a madrugada, os olhos
diligentes da noite
Tentam cortar o oxigênio, o fluxo de pensamento do coração
à cabeça,
Mas o amor é mais, independe de que o alimente
Bem queria explicar-te mais do que eu vejo, mas não
consigo...
Foge-me o ar, o chão, o peso do corpo, o espírito a cada suspiro,
Foge-me o ar, o chão, o peso do corpo, o espírito a cada suspiro,
O insólito desvio de curso escoa em elementos
aparentemente diversos, mas unidos
É o céu o meu abismo de onde bebo o paraíso sem ter amparo,
Se a ferida racha e sangra, o amor é o toque que fecha a
fissura e cura
E penetra no corpo até ao cerne da medula, o corpo, a
secura da boca, o arrepio
Não pude atinar quem bebeu quem...mas o sabor
do veneno é fatal e nunca estanca a sede do beijo
Charles Burck
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