Nu sem corpo
Amoral, é o imoral sem culpas,
Um verdadeiro e fundo poço,
Um nu traseiro apontado para rua
O proibido pulsando como colírio dilatando a
ìris
Ligando o cérebro às constipadas vísceras,
Boas considerações abertas em hiatos,
Boas considerações abertas em hiatos,
O falo fala mais alto, mas a burburinha come
Devora cada palavra do santo,
Os olhos esbugalhados consomem uma libido
inteira,
Embora com fome, devagar, sem pressa
Antes, a censura fecha atônita as cortinas da
minha janela indecente
Deus não julga nem teme, espera os deleites dos
homens,
O mundo que passe inteiro, até que tudo
aconteça,
Das santas e das putas as contraditas
confissões de amores e purgações
E deus espera
O ateu persevera no pecado até que o milagre se
dê
E as carpideiras choram
Hoje a minha boca tem fome, da palavra mal dita
Nem mesmo por ironia troco o rumo da prosa,
Por trás das persianas as beatas espiam,
Os lábios em cândidas e laboriosas orações
E as pernas lânguidas em tremuras extremas
Esperam, pervertidas e impacientes a ungida
extrema unção
Charles Burck
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