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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Nu sem corpo


Amoral, é o imoral sem culpas,
Um verdadeiro e fundo poço,
Um nu traseiro apontado para rua
O proibido pulsando como colírio dilatando a ìris
Ligando o cérebro às constipadas vísceras,
Boas considerações abertas em hiatos,

O falo fala mais alto, mas a burburinha come
Devora cada palavra do santo,
Os olhos esbugalhados consomem uma libido inteira,
Embora com fome, devagar, sem pressa
Antes, a censura fecha atônita as cortinas da minha janela indecente
Deus não julga nem teme, espera os deleites dos homens,
O mundo que passe inteiro, até que tudo aconteça,
Das santas e das putas as contraditas confissões de amores e purgações

E deus espera

O ateu persevera no pecado até que o milagre se dê
E as carpideiras choram

Hoje a minha boca tem fome, da palavra mal dita
Nem mesmo por ironia troco o rumo da prosa,
Por trás das persianas as beatas espiam,
Os lábios em cândidas e laboriosas orações
E as pernas lânguidas em tremuras extremas
Esperam, pervertidas e impacientes a ungida extrema unção  


Charles Burck 

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