O lobo tinha os olhos solitários, uivava uma sonata de Bach
em busca de almas
Nos fazendo tremer até o fundo dos ossos,
Nos fazendo tremer até o fundo dos ossos,
As
certezas hasteadas em bandeiras rasgadas,
As
hordas fomentando estrelas serpentes de olhos embriagados
Colhemos
frutos sem sementes, filhos de pais infiéis,
Os
sinos tangentes enumerando mazelas, os rebentos de nossa terra jogados ao léu,
Empobrecidos
na miséria das nascenças,
Floridos
feito flores em terras mofadas, regados à águas salgadas,
As
desgraças têm nomes, mas as crianças órfãs não,
As
carpas, espinhas à mostra, ressonam no fundo do lago,
A
podridão dos conflitos açodavam as massas
Sentimentos
nunca criaram bons lideres,
Dormem
todos os vermes aos corpos molhados e exaustos deitados sobre os próprios
suores
Algum
filho do demo responde pelo nome do pai,
Sacrilégio
sacramento nas migalhas espalhadas,
Alguma
coisa simples brilha aos olhos dos tolos,
Assisto
as almas sugadas, da janela quebrada por uma pedrada panfletada,
Sobre o dorso de
um jovem agonizante todos tiram vantagens
Homens em delírios
líricos purgam em convulsões os desejos pessoais,
As vantagens
corrompidas, os beijos de Judas,
As cruzes pregadas
nas praças, já têm epitáfios pré-aprovados,
Lápides de
latinhas amassadas e papelão recolhido no lixo
Os
ideais que atendem a anseios pessoais são apenas desejos burocratizados pela
mente
Ouço
as ladainhas ultrapassadas, Deus não cabe no colo dos homens,
Os
risos adoçados por aspartame, as estéticas forjada a base de laxante, ideologias
pasteurizadas
Da
minha janela eu vejo tudo, o que me escandaliza é a fome,
A da
menina caída no poço, a do demônio a ranger os dentes sobre o
infinito das almas
A dos cérebros lobotomizados, das gavetas vazias,
A dos cérebros lobotomizados, das gavetas vazias,
Quem
não dialoga consigo, não tem alma, não tem casa dentro,
Viver
vive de palavras de ordens e frases de efeitos,
Está na mira da fome dos olhos do lobo
Charles
Burck
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