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segunda-feira, 22 de maio de 2017

O lobo tinha os olhos solitários, uivava uma sonata de Bach em busca de almas
Nos fazendo tremer até o fundo dos ossos,
As certezas hasteadas em bandeiras rasgadas,
As hordas fomentando estrelas serpentes de olhos embriagados
Colhemos frutos sem sementes, filhos de pais infiéis,
Os sinos tangentes enumerando mazelas, os rebentos de nossa terra jogados ao léu,
Empobrecidos na miséria das nascenças,
Floridos feito flores em terras mofadas, regados à águas salgadas,
As desgraças têm nomes, mas as crianças órfãs não,
As carpas, espinhas à mostra, ressonam no fundo do lago,
A podridão dos conflitos açodavam as massas
Sentimentos nunca criaram bons lideres,
Dormem todos os vermes aos corpos molhados e exaustos deitados sobre os próprios suores
Algum filho do demo responde pelo nome do pai,
Sacrilégio sacramento nas migalhas espalhadas,
Alguma coisa simples brilha aos olhos dos tolos,
Assisto as almas sugadas, da janela quebrada por uma pedrada panfletada,
Sobre o dorso de um jovem agonizante todos tiram vantagens
Homens em delírios líricos purgam em convulsões os desejos pessoais,
As vantagens corrompidas, os beijos de Judas,
As cruzes pregadas nas praças, já têm epitáfios pré-aprovados,
Lápides de latinhas amassadas e papelão recolhido no lixo
Os ideais que atendem a anseios pessoais são apenas desejos burocratizados pela mente
Ouço as ladainhas ultrapassadas, Deus não cabe no colo dos homens,
Os risos adoçados por aspartame, as estéticas forjada a base de laxante, ideologias pasteurizadas
Da minha janela eu vejo tudo, o que me escandaliza é a fome,
A da menina caída no poço, a do demônio a ranger os dentes sobre o infinito das almas
A dos cérebros lobotomizados, das gavetas vazias,
Quem não dialoga consigo, não tem alma, não tem casa dentro,
Viver vive de palavras de ordens e frases de efeitos,
 Está na mira da fome dos olhos do lobo




Charles Burck



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