Translate

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Não é fácil perceber a manhã se a mente fica presa à ideia do sono
Recorri a tantas metáforas, mas agora preciso falar diretamente,
Debruçado à beira do precipício sobre um espelho que me observava a loucura
Via formigas, tantas, a ganharem asas e preenchem o universo,
E as minhas, que tanto precisava, a se descolaram das costas feito cera, ao que eu te amei,
O coração , passou a ser o corpo todo e eu a sensação de não me pertencer
Era um solfejos de pássaros em cantos de milhares de anos
Em respostas ao esperado milagre da transfiguração,
O arrependimento nato de quem não veio antes,
Um atraso que achamos ser apenas um acaso,
Eu vim muito cedo, mas cheguei tarde demais
Mal sabem os malditos piratas dos céus a razão do poema,
A mulher casta e fiel ao seu homem, que morre com apetites de esperas,
A cama arrumada, as vestes de dona de casa e as ideias das prostitutas ardendo na alma,
Foi uma viagem sem fim o sentir cada sentir,
Saber-me longe de ti, para aprender a viver onde há fomes tantas ao desejo da vida
E o marinheiro atrevido comeu a sereia em razão da bulimia
Foi apenas um estalo que me fez morrer sem que tivesse as suspeitas do certo e do errado,
Mas não havia julgamentos nos rostos pequenos, no sexo ardido que adentrava o sofisma
Nem nos corpos apinhado de gozos havia pecados,
As figuras em artes plásticas, nuas fêmeas, em cores famélicas a desejar por alguma amabilidade do pincel do artista
O instrumento na boca que tocava, o beijo que arfava, o sopro que dava a origem dos átomos de ti e de mim,
Não fosse a cegueira dos meus olhos poderia ter te visto antes, mais
Assim louco vivo de varrer a loucura para poder ver no caminhos dos sãos algum traço de mim
Alguma forma sem metáfora, ainda, de chegar a ti


Charles Burck

Elena Vizerskaya









Nenhum comentário:

Postar um comentário