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sábado, 20 de maio de 2017

Era preciso transcender, fazer parecer que eram sonhos, vestir de noite e voar de asas,
Nem tudo passa quando se trata a ferida, há hematomas que ficam na alma, mas há ainda, ideogramas, logomarcas, uma biblioteca extensa de imagens e lembranças,
Previne-se na defensiva, feito borboleta com medo da floração
Há mundos transformados que eu visitei, peixes voadores desenhando céus,
E céu ondeando mar, fiz registros de cada loucura minha, agasalhei-me para me proteger dos ventos,
Fiz pousos forçados em alguns lugares onde não havia o tempo que nos arrefeceu tinha gosto de ontem
Acordei-me em madrugada de pães duros, cafés requentados e gosto amargo de vida,
Eu não me importo, conto-te os meus devaneios, adormecido entre os teus seios
Eu sou raiz velha de outono, já vi e vivi muitas coisas, aprendi a falar bonito, a conceber dentro do meu jeito tímido de te olhar o infinito e tentar aventurar-me em folhas de papel branco – logo eu virei fotossíntese. umidificado de batimentos admirados.
Nunca me canso de te olhar, ainda mesmo que não venhas, ainda mesmo que tudo seja longe, ainda assim, ainda mesmo que eu nem saiba o teu nome.

 
Charles Burck
David M. Bouwers

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