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sábado, 13 de maio de 2017

A poltrona laranja
Sentado na poltrona laranja diante da janela viajava em pensamentos
Do horizonte ao teto, do chão à luminária vermella
Pendida como um sol dentro da sala, 
Um céu, apenas de difusa luz encarnada, 
É o que eu tenho agora, quando nos temos à distâcia, 
No peito o coração pendurado, a ler os teus olhos
Que nem sempre a mim se mostraram, 
Poemas que eu arrisco coletar nos mistérios de ti
Deixa-me sonhar os mitos, os deuses loucos sem perguntas elaboradas, 
Deixa-me adormecer no alheio mundo sem cotas de tempo 
A vida alongada nos desenganos de coisas perdidas, 
Que não te assuste comigo, apenas penso que sonho, 
Mas no colo da poltrona cabem bem mais que um 
O convite formulado ficará pulsando no teu seio, 
 Um anjo sustenido infernizando os teus pensamentos 
Uma quase vontade de tudo largar e um natural fenômeno de se dar ao amar
De se grudar no sacro bendito e voar ao aconchego da poltrona como asas angelicais
Esse sabor de experimentar-me melhor a invadir-te as veias e o cérebro, 
Tão veemente álcool criando azular de céus e das estrelas, 
Gozos a cunhar sobre abóbadas celestes, lanternas japonesas, 
Amor sem pesadelos. 
O pior agora passou, sorria então,
Todas as mortais angústias vencidas, as rimas sem conexões, 
A maldição do poema, tudo passou ante os meus olhos, 
A maldade da separação, os pontos de interrogações, 
Tudo queimado no bafo do anjo limpando as bocas aos sagrados beijos 
Tudo ao conforto da poltrona laranja

Charles Burck



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