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terça-feira, 23 de maio de 2017

Gênesis

Marcamos de nos conhecer
Lá no fundo do tempo, do quadro negro onde Deus desenhava a criação,
Ainda quando o pó dos barros moldava os esqueletos, quando nem tínhamos asas
Quando a primeira gota de chuva experimentou o chão,
Ainda quando eram itinerantes energias a procura de nós, dois pequenos milagres
Disse Deus – e pouco a pouco se sentirão, e tantas vezes se reconhecerão,
Às margens da casa dos meus passos percebi os fascínios, não sou alheio à corrente das simplicidades das quais fomos criados
Virgem e fulgurante, exalas tua imagem em qualquer caminho que eu tome
Marcamos de nos conhecer quando nem ao menos sabíamos de nós,
Quando éramos rascunhos divinos
Na concepção da gênesis, no íntimo sentido da fecundação,
Quando nem criada era a palavra dizíamos telepaticamente,
Habita-me a certeza de a ti pertencer.
Para podermos respirar criamos os beijos, uma forma profana de nos engolirmos
Só assim eu sei morrer em ti, pois é a única forma de voltar a viver



Charles Burck 

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