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sábado, 23 de setembro de 2017

Sempre seremos um, ainda que desfeita a cena
Não sei sobre o que o fogo queima, mas das cinzas sei um bocado,
As imperfeições que atiraram legados para alimentar as labaredas,
A solidão investida de chamas a adornar as intensidades das sombras
Quem resistiu?
A formação das estrelas dos chapiscos do braseiro mexido, a promover novos céus,
Já fui de tudo um pouco, dor, as ameaças de felicidades cortadas ao meio, o gosto da maresia quando o mar parecia tristonho, o sal, a arvore retorcida, o fruto não nascido
Já fui de tudo um pouco, mas já fui mais, já soube a dor de não ser percebido na vontade exacerbada de fluir para dentro de ti ao chamar o seu nome,
Ainda bebo da fecundidade desse desejo, do conjunto de ignorar as vontades quando a razão me chama,
Ah! As pelejas de saborear desta fruta estranha chamada amor.
Os assovios que vem de longe a despertar o meu sono em canções cheias do nome dela,
De cada minúcia que ele sabe me toca, da covardia de não aparecer diante de minha dor e me tomar de vez
Mas fica a murar minha vida de cercas vivas e arames farpados,
De delicados floreios como isca, de suga minha carne viva e os meus ossos suculentos,
Desafio a dor que me toma de se fazer morta, de fingir ser eu mesmo, De transferir essa saudade toda para dentro dela,
Quanto mais imploro, mas me vaza com a lança mais afiada e o riso debochado dos que machucam com prazer,
Do que me resta doo-me surpreendido sempre quando tudo parece comum, mas não nas janelas onde ela habita,
Não na vida que ela rouba de mim
Não, enquanto houver apontadas nos registro do livro do meu ser
A mais remota possibilidade de estarem escritas as palavras, eu e ela.



Charles Burck 

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