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sábado, 30 de setembro de 2017

Entre as intermitências da vida e da morte uma alma boa espectra na campa da poesia,
Florbela e Pessoa, de mãos dadas passeiam a pagar penitências
Foi numa daquelas suaves certezas de que me olhavam, mas sem me verem, mas viam
E riam por certo de algo que não cabe aos homens banais,  
A vida parece tão prosaica para quem ama, que é preciso poema para preencher as lacunas,
Mas por com alguns requintes posso criar disparates, a dimensão de quem deixa a porta aberta ao que parte
Mas que só se há de medir quando se volta,
Mas a palavra lançada padece o ato de ferir para sempre, ou cantar as suas eloquências como aves sem donos,
Calo e escuto então,

Há ladainhas e carpideiras, o beija flor que bica a roseira não se preocupa com os espinhos
Mas as disposições concêntricas do vazio de quem não ama partem para dentro do homem e o consomem,
O vazio é frio perdido da fé,
Ah eu, que amo tanto, me dei conta de que me falta a mulher,
Estou em situação de desvantagem para suportar os desígnios de Deus,
E olho-me com olhos tão sérios quanto posso e a pergunta na cara não cala,
Tem os traços das minhas feições, rugas e linhas de expressão,  
Os defeitos nas sobrancelhas enrugadas e os olhos de me verem bem para dentro,
E o que isso importa?
Respondo

Charles Burck


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