Entre as intermitências da vida e da morte uma alma boa espectra
na campa da poesia,
Florbela e Pessoa, de mãos dadas passeiam a pagar penitências
Foi numa daquelas suaves certezas de que me olhavam, mas sem me
verem, mas viam
E riam por certo de algo que não cabe aos homens banais,
A vida parece tão prosaica para quem ama, que é preciso poema para
preencher as lacunas,
Mas por com alguns requintes posso criar disparates, a dimensão de
quem deixa a porta aberta ao que parte
Mas que só se há de medir quando se volta,
Mas a palavra lançada padece o ato de ferir para sempre, ou cantar
as suas eloquências como aves sem donos,
Calo e escuto então,
Há ladainhas e carpideiras, o beija flor que bica a roseira não se
preocupa com os espinhos
Mas as disposições concêntricas do vazio de quem não ama partem
para dentro do homem e o consomem,
O vazio é frio perdido da fé,
Ah eu, que amo tanto, me dei conta de que me falta a mulher,
Estou em situação de desvantagem para suportar os desígnios de
Deus,
E olho-me com olhos tão sérios quanto posso e a pergunta na cara
não cala,
Tem os traços das minhas feições, rugas e linhas de expressão,
Os defeitos nas sobrancelhas enrugadas e os olhos de me verem bem
para dentro,
E o que isso importa?
Respondo
Charles Burck
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