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sábado, 23 de setembro de 2017

O dom de escrever tão só, a saudade se internaliza, cada vez mais fundo
Levada pelos dias de mãos dadas, a verdade não cansa de ser,
Pequenas figuras luminosas que demarcam o entorno da casa,
Tantas companhias de jornada em evidentes silêncios,
Silêncios de mover o mar, de mexer no mato, de expandir perfumes
A alegria caótica tem algum sentido estranho, estranho eu, que ela possa me tomar nos escritos de ordenadas felicidades,
Nada explicito ao tamanho dos fatos, mas a vestimentas não cabem no corpo que escreve
A eternidade nem sempre se ajusta ao que dela pensamos, tábua dos dias marcados entre os sóis,
As meias feridas ou os sabores dos morangos selvagens catados às margens da estrada,
Os contornos que tomamos para alongar os caminhos, fugas pensadas por acidentes na paisagem erguidas,
Os atos do teatro montados ante nossas vistas – as tramas engendradas por nós,
Faz tempo que eu não atuo, o ato de escrever é uma peça que ocupa os atores, o mundo, o palco vazio preenchido de tudo.
Os infortúnios não podem tomar o lugar das nossas predileções, mas a amizade preenchida de palavras adensa o gosto de tecê-las com sentimentos tão nossos
Os adornos que acenas da rua, a promessa noturna de uma volta,
Os adiamentos circunstanciais da vida, tantos pesares em forma de poemas, melodias que tocadas em mim, nos arcos da pele, nas linhas das músculos
A escrita continua aos passos da dança, adaptamos os sapatos, os pés dando reviravoltas necessárias
Lembra-se de cor e salteado a letra descrita entre o riso e o beijo,
A plenitude apela aos dons dos sentidos, ao tom da música, aos dias que ainda virão, às esperas ganham o tempo e os espaços de dentro,
Nesse argumento de tudo, por vezes, parece tudo parece tão bonito

Charles Burck



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