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sábado, 30 de setembro de 2017

Se eu te chamar, precisa explicar por quê?
Na cadeira do mito tu estavas sentada,
E eu boquiaberto babava algum tipo de admiração,
Não há na inquietação só conforto, nessa substância que nos mistura
certamente eu repouso nela, sem virgula, sem ponto
Um assento no meio do nada, onde sentamos e olhamos um para o outro
Seria bem provável qualquer um duvidar, se eu não estivesse aqui diria que sim
A imagem da passada primavera não conta
Quando a certeza do sol rilha nos teus olhos agora
E tu me perguntaste se eu imaginava vir para cá
Os rastros de tudo o que eu seguia eram para encontrar-te
O rastro que o sol deixava riscando o mar, onde o barco parecia um sonho
As almas das coisas exalando sorrisos e o amor passeando de mãos dadas
Possivelmente as nossas, solene e vasta imagem de tudo o que podemos ser
Unir as pontas de dois destinos é simples, mas duas pontas sem sintonias não levam a nada,
As fotos da primavera passada não contam
Como explicar o sentido das coisas quando só desejamos vivê-la,
Se eu te chamar, precisa explicar por quê?

Charles Burck




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