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sábado, 23 de setembro de 2017

No teu corpo por onde tanto navego, aprendo tanto,
Já fundeei no porto, mas já fui aos cimos das ondas,
Nas profundezas abissais já naufraguei sem jamais perder a fé
Já me perdi nos cenários, como se nunca mais fosse voltar,
Os olhos festejando os céus de azul pássaros, pequenos mares de navegar sem velas abertas,
Soçobrei em espelhos de águas calmas de mau saber onde estava,
Lábios molhados de águas salgadas, a língua afogada nos redemoinhos do onde,
Esquecido do quando, dos porquês, sargaços de sereias, meio das pernas, os braços nos seios, bicos de águas marinhas
À meia-noite as luas choravam vazantes e cheias, movimentos de adornar os pelos, fazerem estrelas loucas, perdidas nos nichos dos amores nossos,
Os dias inteiros, os canteiros de mares em suspensos, aonde os crepúsculos nunca chegaram, fomos brilhos de estrelas, águas piscando
As ferrugens de alguns naufrágios tingidas das febres dos sexos de incendiarem as marés e queimarem os portos
Fomos tão fundos em tudo que nem sabemos mais de nós, dois afogados
De serenas esperas, de forjados descansos, propensos a tempestades adiante



Charles Burck 

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