O
causo de mãezinha
Haja
égua que mula manca, mas pari ao que o corpo entorta,
Já
fiz poema de uma palavra só, mas mãezinha fez de doze estrofes que somos nós,
Não
se intimidou com a lida, se a vida é feia que dá dó, sorriso acerta qualquer
galho que dá nó,
Ah
mainha de dá vida, vida a nós, foi capricho caprichado, o amor deitado ao lado
do bem querer,
Meu
pai partiu cedo, não foi abandono dos desalmados, mas por Deus levado para fazer
algo de bom,
Ela
não deixava a vida fazer mazelas cuidava ela de dar tratos de bom grado à vida,
a vida era dela e da vida dela cuidava ela, e assim o fez
Nunca
fez choro à toa, alma boa de prendas rendadas pelas mãos de Deus, achei que
recebi demais por ser filho dela, mas ainda choro as lágrimas que ela guardava
para não assustar a nós,
Penso
versos a vento que há de levá-los onde quer que ela esteja, a brancura das
roupas penduradas no varal de algum lugar no céu,
Quem
sabe Dona Dete esteja alvejando como o sorriso dela as vestes de Deus
Penso
mas não digo, ainda sofro homem que sou as aflições de estar perdido dela, no
que digo não penso, a alma gosta de entregas silenciosas,
Homenagens
que me dou a ela todos os dias, assim que posto os olhos na catingueira ao por
do sol, do avarandar que era dela na cadeira de balanço de acalantar o dia que
dormia,
Era
um ciúmes danado de tudo que espalhado fala dela, há vestígios ela por todos os
lados, cabeça de cabelos de nuvens brancas sem tempo de chuvas,
Mãos
danadas de boas de tirar qualquer dor, de canela esfolada, de erisipela, de barriga
inchada, dor de amor.
Mainha
a saudade apela os olhos que vivem procuras, então cuida de nós ainda, somos
fiotinhos sem asas, e a única coisa que você não nos ensinou a fazer, foi voar,
e segui-la, quando voou para longe de nós
Charles
Burck
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