Às vezes o mundo é cego e o amor o guia
No calendário, aqui e ali, salpicado de dias,
Um mês após o outro, saturados de verões,
Estou cego e surdo, mais um ano de dor,
Acesso os contornos do teu rosto
As marcas carregadas da impressão de te ver
Os teus seios fartos, os desabafos em suspiros,
Ainda respiro abafado de ausências,
Mais um dia de vento e começo a construir a
madrugada, ao meu jeito, ao que posso
A papel e tinta, apenas com as duas mãos que
deixaste vazias
O tempo de compor o que me falta, fazes falta,
fazes tempo,
Fazes o alongado calendário de tantos dias cheios
de hesitante gestos,
Fazes os olhos atentos pelejarem por lugares que o
mundo nem sabia,
Fazes a vida pequena, sem expressão alguma que
valha a pena,
Um dia atrás do outros, numa sequência perdida
Charles Burck
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