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sábado, 23 de setembro de 2017

O causo de João Sô, Suzana Sofia e Maria Iracema


Einstein olhou e céu e falou: O tempo passa mais devagar num objeto que se desloca em grande velocidade.
Quando João Sô nasceu o avô vaticinou, parece ovo gorado, a sorte não andará ao seu lado, será menino parado enquanto o tempo caminha.
E o menino nasceu raquítico, cresceu homem fraco, de corpo e vontades
Se caísse, Deus que danou-se, ficava chorando feito bezerro desmamado, quebraria feito ovo esparramado,
Gema para um lado, clara para o outro, tudo junto e misturado, mas o amor não faz concessões, se é para amar que ame todo, ou tudo, nada de pedaços, de espiar por cima do muro,
Se estiver mal sentado leva um toco no meio das pernas ou do muro é empurrado, O amor só quer felicidade interia, nada de meia bandeira a meio mastro.
Eu soube que você andou se dando por ia, disse ele a Suzana Sofia, a morena de sete costados, elevados a sétima potência, dois mil quatrocentos e um véus de pecado, para um pobre coitado de não dava nem conta de um
Miolo mole escorre pelo nariz, repetia ele
Boca que engole tudo pega entrudo ou gonorreia, doença de cair o pau ou encher de mazelas a birungunja.
Já me fiz amigo, amante e marido, mas a vergonha me dá coice a cada esquina, por dias e noites anda ancorada às minhas costas,
Suzana Sofia tinha olhos cor de amêndoas e João adorava o caroço,
A fruta comia os outros, mas algo era dele.
Mas o muito parece pouco quando desejamos tanto, e João Sô sofria a sina de não saber deter as ancas que até os anjos desejavam, quantas aves Maria corriam a quinta em coros de olhos ocultados quando a moça tomava banho de chuva nua até os pingos d’águas ficavam encantados com tamanha formosura, mas o andor não suportava a santa, nem o leito dava conta do rio que corria, era água demais para um caminhão pipa de brinquedo.
Um dia a Preta Simara falou a Suzana Sofia, Maria Iracema está a caminho, preparado o lombo para apanhar os seus castigos, os pecados de fazer sofrer o teu pobre marido, mas Suzana Sofia se riu, deus a bunda de lado e falou: Dessa aqui ele não abre mão, tem os olhos grudados, e seguira pisada a sete palma do chão, sob os meus pés.
Mas Deus não escreve nada errado, se anda desassuntado é por tanto a fazer, por que daria trelas a um casal mal ajustado, mas deu. Deus trouxe lá dos cantos dos serrado, Maria Iracema, moça de prendas maiores e sorriso menina, que assim que bateu os olhos em João Sô se encantou de primeira, e ele assuntou uma conversa sem eira nem beira, não era bom papeador, mas a moça nem ligou para as coisas ditas, só tinha olhos de amor para João.
Assim Suzana Sofia que quis fazer consertado o casamento acabado, ciumou tudo o que era nomes de ciúmes contados, inveja, dor de cotovelo, egoísmo, rivalidade, despeito, controle, emulação, disputa. ressentimento, paranoia, pesar, angústia, sofrimento, agonia, loucura, aflição, ansiedade, mas não teve jeito, João estava amarrado por sete nós da Santa dos Agarradinhos.
Ninguém explica coisas de amor, quem se habilita cai do cavalo, se tudo parece simples é teorema da relatividade, dos tempo que engole o tempo, mas se é complicado fica simples ao se basta de uma olhar, um sorrido e dois corações juntadinhos no que se era de ser dedicação,  a vida juntou direitinho, João Sô e Maria Iracema por laços de amor. Um teorema que nem Einstein explicou.


Charles Burck



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