O
causo de João Sô, Suzana Sofia e Maria Iracema
Einstein
olhou e céu e falou: O tempo passa mais devagar num objeto que se desloca em
grande velocidade.
Quando
João Sô nasceu o avô vaticinou, parece ovo gorado, a sorte não andará ao seu
lado, será menino parado enquanto o tempo caminha.
E
o menino nasceu raquítico, cresceu homem fraco, de corpo e vontades
Se
caísse, Deus que danou-se, ficava chorando feito bezerro desmamado, quebraria
feito ovo esparramado,
Gema
para um lado, clara para o outro, tudo junto e misturado, mas o amor não faz
concessões, se é para amar que ame todo, ou tudo, nada de pedaços, de espiar
por cima do muro,
Se
estiver mal sentado leva um toco no meio das pernas ou do muro é empurrado, O
amor só quer felicidade interia, nada de meia bandeira a meio mastro.
Eu
soube que você andou se dando por ia, disse ele a Suzana Sofia, a morena de
sete costados, elevados a sétima potência, dois mil quatrocentos e um véus de
pecado, para um pobre coitado de não dava nem conta de um
Miolo
mole escorre pelo nariz, repetia ele
Boca
que engole tudo pega entrudo ou gonorreia, doença de cair o pau ou encher de
mazelas a birungunja.
Já
me fiz amigo, amante e marido, mas a vergonha me dá coice a cada esquina, por
dias e noites anda ancorada às minhas costas,
Suzana
Sofia tinha olhos cor de amêndoas e João adorava o caroço,
A
fruta comia os outros, mas algo era dele.
Mas
o muito parece pouco quando desejamos tanto, e João Sô sofria a sina de não
saber deter as ancas que até os anjos desejavam, quantas aves Maria corriam a
quinta em coros de olhos ocultados quando a moça tomava banho de chuva nua até
os pingos d’águas ficavam encantados com tamanha formosura, mas o andor não
suportava a santa, nem o leito dava conta do rio que corria, era água demais
para um caminhão pipa de brinquedo.
Um
dia a Preta Simara falou a Suzana Sofia, Maria Iracema está a caminho,
preparado o lombo para apanhar os seus castigos, os pecados de fazer sofrer o
teu pobre marido, mas Suzana Sofia se riu, deus a bunda de lado e falou: Dessa
aqui ele não abre mão, tem os olhos grudados, e seguira pisada a sete palma do
chão, sob os meus pés.
Mas
Deus não escreve nada errado, se anda desassuntado é por tanto a fazer, por que
daria trelas a um casal mal ajustado, mas deu. Deus trouxe lá dos cantos dos
serrado, Maria Iracema, moça de prendas maiores e sorriso menina, que assim que
bateu os olhos em João Sô se encantou de primeira, e ele assuntou uma conversa
sem eira nem beira, não era bom papeador, mas a moça nem ligou para as coisas
ditas, só tinha olhos de amor para João.
Assim
Suzana Sofia que quis fazer consertado o casamento acabado, ciumou tudo o que
era nomes de ciúmes contados, inveja, dor de cotovelo, egoísmo, rivalidade,
despeito, controle, emulação, disputa. ressentimento, paranoia, pesar,
angústia, sofrimento, agonia, loucura, aflição, ansiedade, mas não teve jeito,
João estava amarrado por sete nós da Santa dos Agarradinhos.
Ninguém
explica coisas de amor, quem se habilita cai do cavalo, se tudo parece simples
é teorema da relatividade, dos tempo que engole o tempo, mas se é complicado
fica simples ao se basta de uma olhar, um sorrido e dois corações juntadinhos
no que se era de ser dedicação, a vida
juntou direitinho, João Sô e Maria Iracema por laços de amor. Um teorema que
nem Einstein explicou.
Charles Burck
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