E
a flor não persignou-se à miséria,
Limpou
as pétalas e perfumou o lixo,
Mas
o feto admirado cortou-lhe o intento e a comeu aos pedaços
Beijo-te
as lágrimas com gosto de quem nunca foi feliz
Aos
ecos dos choros, as lástimas são versos improváveis
Belezas
descartáveis no rio de chorume, as quais Caronte vai afastando como seus remos
cada estrofe como, quem retira os vermes da sopa,
Lido
ao tiro que assoma na reentrância da alma, como lâmina que não se apieda da
carne pulsante,
Queria
florir jardins aos apelos da fome, flores de acalma as disposições, o frio das
indiferenças,
As
nascenças paridas da ignorância,
Mas
os convites são lacrados aos vastos corredores da morte,
Os
nomes sorteados ao acaso, o senso ludibriado a razão,
Os
vorazes corvos e as tenazes garras da desilusão tomam-me as peles das costas,
Rasgam-me
os músculos mais tensos, com os argumentos que o meu coração é de ferro,
Os
meus ossos de aço
Ao
que eles podem tudo, até velejar no rio de fel, nas valetas dos esgotos onde se
digladiam o bem e o mal
Caminhar
pisando sobre as flores mortas, a pasta de pétalas e lama abrindo as portas ao juízo
final
Charles
Burck
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