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sábado, 2 de setembro de 2017

E a flor não persignou-se  à miséria,
Limpou as pétalas e perfumou o lixo,
Mas o feto admirado cortou-lhe o intento e a comeu aos pedaços
Beijo-te as lágrimas com gosto de quem nunca foi feliz
Aos ecos dos choros, as lástimas são versos improváveis
Belezas descartáveis no rio de chorume, as quais Caronte vai afastando como seus remos cada estrofe como, quem retira os vermes da sopa,
Lido ao tiro que assoma na reentrância da alma, como lâmina que não se apieda da carne pulsante,
Queria florir jardins aos apelos da fome, flores de acalma as disposições, o frio das indiferenças,
As nascenças paridas da ignorância,
Mas os convites são lacrados aos vastos corredores da morte,
Os nomes sorteados ao acaso, o senso ludibriado a razão,
Os vorazes corvos e as tenazes garras da desilusão tomam-me as peles das costas,
Rasgam-me os músculos mais tensos, com os argumentos que o meu coração é de ferro,
Os meus ossos de aço
Ao que eles podem tudo, até velejar no rio de fel, nas valetas dos esgotos onde se digladiam o bem e o mal
Caminhar pisando sobre as flores mortas, a pasta de pétalas e lama abrindo as portas ao juízo final

Charles Burck


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