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terça-feira, 3 de outubro de 2017

O teu rosto à luz,
As linhas fortes suavizadas por meu olhar,
Olho-te como quem procura a razão da existência,
O que levou a vida a criar tal criatura,
O tempo a medir a luz, a focar a lente dos meus desejos, a ajustar as perspectivas,
Ajeito a alça do vestido como quem ajeita os sonhos,
Os pensamentos que não me dão tréguas, como um caçador persistente, Mas sou eu que ando sem rumo, um cansaço adicional às costas,
Queria o corpo na cama, e me dar conta que dormi ao despertar pela manhã,
Mas há tudo em mim que te anseia, como a fome de tempos distantes,
Como as inundações de emoções que tantas vezes me arrastam para os teus braços
Não tenho como fugir do assunto se somos o assunto, duas luas itinerantes nessa metrópole escura e vazia
Deixo o vestido cair, os assessórios de mim que somente atrapalham,
Quero-me nua, liberta de tudo, para tudo ser de ti, cada parte, sem condições para entregas,
 É a volta para casa, o plano de sentir o que nos damos, o cruzar a ponte sem medo dos precipícios,
 A essência intrínseca e notívaga da natureza que nos toma,
A amante fiel, exigente, mas sem pesos, em suas solitárias esperas noturnas,
Mas sinto os seus passos, sinto tudo o que és, desde a respiração entrecortada, o atrito, o roçar entre as pernas, a sua sedução exposta nos olhos,
A certeza na dimensão do teu amor a se adensar dentro de mim,
Sinto-te dentro, assim como se eu amasse a mim mesma.



Charles Burck 
Pavel Zacek (

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