Digamos que eu
sinta muito,
E daí?
Escrevi
sentimentos como noites anotadas em agendas,
Mas o quanto de
mim inventei?
Naves criadas,
vertigens, as mãos que tocavam-na no nada,
Silêncios
inexprimíveis
Acenos aos que
passavam, meus dramas fazendo festas,
Versos forjados em
línguas estranhas,
Palavra que eu
não fazia por mal, mas era uma forma quase normal de me sentir normal,
Ter o que ver, a
visão que só se permite ver partes,
Ter o que ouvir,
a fala das cidades, o farfalhar da roupagem da noite,
A minha lua que
nunca vem, aos meus olhos cansados,
Dos velhos
demônios e dos esquálidos lobos que nos rondam
E nem sequer nos
comem
Charles Burck
Nenhum comentário:
Postar um comentário