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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Digamos que eu sinta muito,
E daí?
Escrevi sentimentos como noites anotadas em agendas,
Mas o quanto de mim inventei?
Naves criadas, vertigens, as mãos que tocavam-na no nada,
Silêncios inexprimíveis
Acenos aos que passavam, meus dramas fazendo festas,
Versos forjados em línguas estranhas,
Palavra que eu não fazia por mal, mas era uma forma quase normal de me sentir normal,
Ter o que ver, a visão que só se permite ver partes,
Ter o que ouvir, a fala das cidades, o farfalhar da roupagem da noite,
A minha lua que nunca vem, aos meus olhos cansados,
Dos velhos demônios e dos esquálidos lobos que nos rondam
E nem sequer nos comem


Charles Burck 
Olga Sergeevna

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