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sábado, 21 de outubro de 2017

É o que me sobra agora,
A realidade da dor dos ossos,
O tempo a cavar o solo,
Os delírios pós morte,
O tudo que eu desejava manter se desfazia,
A solidão que exigia preces,
Certamente uma mulher
A mística mulher dos sonhos,
A cercear a liberdade dos homens à morte
Um delírio a desenhar sua imagem,
É cântico do amor eterno, tudo em ti me comove
O beijo alongado da boca à alma,
Tudo que me rodopia e me salga o sangue,
O marfim das unhas postas na carne a buscar as veias,
A constelação, as estrelas que queimam a raiz das vontades,
Os pés que nunca partem, a seda, a gruta funda das sedes
Duas secretas luas, de única face, a iluminar as trevas
O mais que arde é a eternidade alojada no cio do peito
  


Charles Burck 
pramod-mohanty

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