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segunda-feira, 9 de outubro de 2017


 Serenei-me às lembranças, coisas minhas, intimidades que o tempo traça a quem dele cuida bem,
Coisas que nos fazem bem maior, como mesmo sendo passado antevíssemos como a acontecer de novo no futuro,
Como se desenhasse no almaço a dar-lhe vida, ao amor que nuca deveria ter ido, mas foi
Como se me brincasse nos olhos aquilo que nuca soube morrer,
Nas nervuras, nos sentidos das lágrimas que nunca pedi que descessem,
A sensação que ainda mora no olfato, do perfume que tantas vezes pedi que fosse embora,
Mas se fica é nosso e me fala de tudo o que deixamos de ser,
Mas ao que nos demos inteiros enquanto pudemos ser, valeu cada dia de vida, cada momento agora,
Recolho aos teus braços ausentes, no carinho que foi tanto e ainda sobra, e ainda alimenta-me e me consola,
Assim sei que valeu a minha vida, cada anseio, cada aflitiva pagina que escrevo,
É como se transgredisse a razão, aos desenhos das mãos, ao tato que se segue,
Assim ainda ecoa em meus ouvidos, quando me falavas do tempo,
Como se um pedaço de mim fosse embora
Mas por que ele não a leva também, definitivamente?
Creio que ele cuida de mim, carinhosamente, amorosamente,
Sabe que eu digo isso da boca para fora...


Charles Burck





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