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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Matei-me três vezes antes dela, para desviar-lhe a atenção,
Quando o gosto pela vida se sente à boca do outro,
Não se faz da saliva o remédio,
Mas do amor a cura,
Se a vida está enquadrada em regras e fórmulas obscuras,
É preciso abandonar a matilha, os olhos do lobo precisam de brilhos
E o olfato do cheiro da fome,
Hei de matar-me mil vezes antes dela,
No que seja cinza me regenero, o vômito visceral do que seja vida
O frio na medula, o risco da morte que nunca deixa de ser realista;
A escrita das vivências expostas de uma pessoa, experiências susceptíveis, sujeita e propensa a sentir a outra 
Os caminhos das beiras não levam o gosto das coisas absurdas, das alienadas e improváveis sensações?
Creio que sim, escrevo nos extremos das linhas,
A explorar o primitivo que desce em enxurradas,
Uma torrente incontrolada de força quase animal
Morri infinitas vezes antes dela para saber o caminho que levava a nós

Charles Burck


Tom Lovell 

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