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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O corpo tão caminha entre a sombra e a luz
Há muitos muros como entraves, mas ela atravessa cada um sem dificuldades
Basta um pouco de vida a iluminar os olhos
Como se no fundo a íris houvesse um animal atento
A espreitar à volta, e esta hora a rua estaria morta se não fosse ela,
Ao que passa e alimenta de vida cada coisa,
Uma visão a guarnecer de cores cada cinza,
Cada espaço inútil que se enche de efeitos, as asperezas amaciadas,
No fundo riscado do sol o amanhã nascendo para sempre, entre as casas de pedras e as ruas de terra
A vida não é salgada nem doce, é uma sensação de levezas, alívio de encher a boca e afastar a fome,
 Compreendo o mundo se a sinto perto, o teu mundo semeando o meu.
A carne e a alma interagindo, a cama e o sono,
Quando todas as sombras se aclaram, as dores cessam, resgato o melhor de mim,
O amor alterando os fatos, a ninfa em formas de mulher, a deusa cá dentro de mim,
O murmúrio da luz, eu e tu tudo dentro de nós, apenas sabemos, a osmose
A liberdade expandida, sem formas definidas, o guerreiro desarmado,
As armas e as forças nas mãos, mas sem o uso


Charles Burck 

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