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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Há folhas caindo mesmo depois do outono
Talvez aos meus olhos carregados de ver demais,
Isso me canse, as flores que se adensam ao que crescem,
As sutilezas em cada mão bordando as peças de renda
As cantigas das bordadeiras têm uma alma pura,
E eu que quase não lembro as alegrias do esquecimento
Escrevo para não perder a memória, dispo-me assim devagar diante do espelho,
Para saber o corpo que eu tenho, as marcas visíveis e as magoas cerradas nas cortinas do tempo,
Os pássaros se queimaram nos teus cabelos de fogo, marcou-nos isso assim como histórias
Sou como um menino feliz quando não penso no homem que amou tão intensamente,
Que nunca padeceu de insônias, pois que pegava as pedras e as atirava à lua
É bom que te apresses, pois como tudo de resto chegarão os dias sem complacências
 As severas mudanças dos homens, o estremecer do mundo,
Apresso-te quando há tantos riscos no olhar, quando eu já perco a capacidade de juntar as letras,
De formular sentenças, de não saber o caminho que tomo,
Mas apego-me às nossas formas de caminhar, de olharmos para o destino, juntos
As poéticas dos seus pés, as mãos dadas, o caminhar sem pressa
Assim quem precisa do mundo, fazer poesia, ou saber o caminho que toma?



Charles Burck 

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