Translate

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Tenho visões para todas as impressões,
E boca para todos os beijos,
Mas o amor do poeta foi para a primeira rosa
Que amanheceu molhada de orvalho
No cais ainda é cedo quando o mar entardece,
Quando ainda escrevo sobre uma mulher que passa
A modernidade é uma sopa que ferve sem conteúdo algum,
Um frenesi de indivíduos e suas frivolidades, uma desilusão para o poema
A máquina implacável e impessoal a vi há pouco engolindo a natureza,
Os jardins da cultura sem perfume, as flores fragmentárias, nostálgicas e foscas
Os canteiros sem profundidades, os sentimentos boiando na superficialidade
As framboesas promíscua, incoerentes e sem personalidades,
Perverso do verso não exaltar a multidão anônima
Só a rosa escapa ilesa deste meu poema
As metrópoles não têm considerações, os encaixes de uma esquina na outra,
Mas nunca me perco dos teus olhos sensatos,
Da tua boca suja dizendo coisas belas



Charles Burck 

Nenhum comentário:

Postar um comentário