E ela segurava a saia,
A saia debruada ao vento morno,
A saia de pregas rodadas,
Onde o vento dançava,
Sob a saia uma prenda,
Um botão de rosa semi aberto
Um lugar quase secreto, quase
contido
Uma janela semicerrada
Debaixo da saia dela havia uma
imensidão de sentidos,
Há caixa de música ingênua,
Um beijo perdido, uma joia lapidada,
uma varinha de condão
Um caminho onde o girassol se
aquecia,
Uma colmeia de abelhas ferozes,
Um altar onde escorriam orações,
Debaixo da saia dela eu me perdi
para sempre,
Joelhos ralados, menino mimado,
com novas histórias nas mãos,
Um toque de flautas, brincadeiras
de rodas,
Um gesto que alisa as pétalas
eriçadas, um sopro tão leve
Mas crianças só sabem das coisas
breves,
Debaixo da saia dela eu me escondi
um dia
Da vida que me chamava, das
crescências dos adultos,
Das planícies do medo, das chuvas
dos temporais,
Dos tempos ruins, dos tempos maus,
dos maus olhados,
Dos vendavais mais constantes,
Quantas saudades ficadas, nas
pernas finas alongadas,
Debaixo da saia dela
Charles Burck
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