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segunda-feira, 17 de julho de 2017

No cruzamento da Rui Barbosa com a Rua do Sol
Ela olhou para o céu, não sabia explicar o que estava sentindo,
Talvez na pressa do caminho para casa estivesse se apaixonando
No crivo do tempo entre os céus de jasmim e o cosmo de Armagedom
Pudesse haver um lapso, uma fenda de poucos segundos,
Entre início de um amor e o findar do mundo,
O fio de um instante amarrando dois amantes
Do vermelho para o verde, no hesitar do sinal era o tempo bastante
Da porta do inferno ao cruzamento da Navegantes com a rua Cruzeiro o amor pode ligar os faróis,
Na freada mais brusca do ônibus na rua da Aurora, o barulho que agredia os tímpanos,
Pensou no Cinema Odeon ou na Confeitaria Tefé,
Não, o melhor seria o Templo Taoista, na Rua da Fé,
Precisava estar contrita, sozinha, solene consigo mesma
Para se apaixonar em silêncio.


Charles Burck



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