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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Antes do voo



A morte parecia um arco-íris que se bandeou para os lados do firmamento, voou solta, bendizendo a vida
Mas amor chega antes, quando mal o sabemos distinguir, quando mal o percebemos, é o voo antes do existir do céu
Aprendi a fazer amor com a fusão dos astros,
O cio das estrelas a fomentar o gato, o rabo ao redor do pescoço e o rato a cantar o Barbeiro de Sevilha
O abismo ressaltado ao lado do prumo, o vazio que se impõe, um anseio do pulo equilibrando a alma que foi antes do corpo
O voo a enrolar os corpos com laços de seda, de sentir orvalhos ao rés da tarde quando ainda nem floresceram os olhos
O medo em voo difícil a calibrar as asas quando nem desabrocharam as penas,
O pássaro falou do medo, o amor de voar,
O amor consome o medo, quando não, entala na garganta da alma
A previsão do grito se desfaz no pó da secura do não ser
A queda livre a ameaçar a quietude do ar, a rota intensa dentro do silêncio do sono
Ao sono que chega, damos os sonhos
A compreensão do ato do amor não me traz alentos
A bruxa do mal de amar forja o atos de amor a costurar a boca do sapo
A lua nova que geme de vontade de ser cheia, os meus arrepios que correm noite adentro feito cavalos de fogos
E eu sozinho no vazio dos argumentos, ao fim do abismo
Assisto o mar de dentro que se quebra do lado de fora.


Charles Burck



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