Cheiros de
histórias
As asas
mexiam com a sorte, os ventos bulidos alteravam a composição de todas as
coisas,
O efeito do
domingo senti nos cheiros das hortas,
Dizem que os
cheiros não se apagam na memória,
Meu tio
biólogo dizia que as joaninhas têm cheiro de preto e vermelho,
Amar, às
vezes cheira a saudades,
Não teve
prosa hoje, calei quando senti o cheiro do perfume dela,
A pele cheira
como orvalho no agreste, cheiro de coisas natureza, a calliandra, a sena, o jatobá, café com canela e um pouco de
mel
O cheiro da
vontade de beijos longos, o desvelo da viola a criar luar,
Perto do rio
da tua boca o cheiro da palavra macia a correr sem pressa,
A povoar
desertos e a alumiar poesia no sertão, os teus olhos que curam quebranto tem
cheiro de jasmim de Santo Antonio
Sinto o
cheiro da manga rosa, corta em pedaços a dividirmos cada naco, a flor de anis
macerada nas mãos,
Hoje tem
previsão de chuvas, mudanças de estações, novo cheiros no ar, um pressentimento
de voltas,
Mas esse
cheiro é uma outra história
Charles Burck
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