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sexta-feira, 21 de julho de 2017

Despes-te, então namorada, as bocas coladas, numa benesse súbita,
Nessa travessia que chamamos de nós, os dias são inseguros e a amar uma forma de poemar no tempo
É assim te contemplo por todas as noites que te quero, que se aninhas na nossa mútua forma de nos entendermos
Quando os meus dedos pelejam em te dar o melhor, nas palavras suadas nas palmas das mãos,
Ao que sustentam os arrepios, cada vez mais perto de afogar-se nos abismos do desejo,
E ainda assim te verso, às alta horas, mansas, calmas onde os acordes estão na pele,
Quando me perdes cansada que os meus dedos finalmente a esqueçam,
Mas os meus beijos passeiam em tuas costas, e já entregues a novas vertigens,
Seguimos a nos conhecermos
Na ânsia do respirar, na crédula esperança de assim nos bastarmos.
Vestes-te então, assim que despertam as manhãs,
O tecido a cobrir-te os pelos, as pele arredia de não despertar,
Os olhos ainda dormentes e voz rouca das noites gemidas, dos apelos,
Vestes-se ainda assim onde se deitam as miragens de nós dois,
Os adeuses se negam aos amantes
Como se fossemos dois seres que não querem deixar o amor partir

Charles Burck



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