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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Gosto de me sentar ali, na mesma pedra e olhar os barcos fazendo rabiscos no mar,
Uma forma minha de pescar palavras para fazer poemas,
Nas manhãs deste tempo, pois dos outros não lembro bem
Chegaram-se a mim o povo do mar, nos arrepios de tudo novo
A costurar assuntos com linhas de algas azuis dos mares mais longe,
Agulhas de espinhas de peixes a cozer os ventos opostos para sossegar o céu
A brisa de curar feridas abertas pelos dias severos, sentir os braços do ar usando medicamentos de cuidar por dentro
Ausento-me muitas vezes do mundo para ganhar forças, visitar algum sitio marinho
De amamentar botos e levitar baleias,
Trago sempre comigo tantos segredos depois de partir,
Das sinfonias de sereias e outras coisas tantas que eu não me atrevo a perguntar,
Faço viagens sem prazos de voltas, o que me chama finjo que não ouço,
Há uma eternidade que nos une e se propaga em ecos dos sorrisos baixos das marés
Somos feitos da mesma essência, eu de azuis profundos e ondas sem sossegos
E tu de tantas histórias de monstros e piratas, lendas que banham essas praias,
Da ostra que sou feito, de perolas e areias, fossas abissais, Netunos e tridentes
Velhas orações de afastar serpentes, sons de choros e lamentos carregados pelas correntes,
Antigas canções de enfeitar corais com flores, deusas dos mares a chamar amores

Charles Burck



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