Translate

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Tenho medo, às vezes, do mágico, do incrível e,
Às vezes, até das minhas lembranças,
Quando ainda entendia a vida como uma brincadeira
De sentar à beira do princípio das dúvidas como uma peraltice,
A balançar as pernas como numa cadeira de colégio
De não ficarmos preso a nada,
A memória me vem como uma onda varrendo tudo
E me mostra como fiquei frágil com o passar dos anos,
Mais tímido, intimidado com as agrurezas da vida,
Assusta-me saber que nada tentamos,
Que estamos preso ao medo do nada
Posso ainda ouvir o meu sorriso de criança
A reverberar na minha voz indecisa de adulto
Choviam estrelas no mar e corríamos para assistir sem medo de sermos atingidos
Hoje fechamos as janelas
Por lá ainda estamos a tentar pegar uma com as mãos ingênuas e puras
Tenho saudades do afoguear das faces do tanto que tentamos ser
Poeta e musa
Quando quisemos nos fazer escritores de primeiras horas,
Quando mal sabíamos escrever nossos nomes
Hoje ainda vejo os teus olhos a brilhar no semáforo!
A intercalar sim e não,
Talvez... foi uma opção
Por que ficamos lá?
E infelizmente
Por que nada tentamos?...
Por que estragamos nossas chances de ser?
A saudade é uma mentira inventada pelo coração
Uma boia de salvação lançada ao mar da dor ou da solidão
Uma forma do amor não morrer afogado no oceano da desesperança
Charles Burck

Nenhum comentário:

Postar um comentário