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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O sono amarrotado na minha face vincada,
Queria amarra o amanhecer, fazê-lo esperar por mim,
Mas ele me conta que é longe onde se escondem os sonhos,
A cópula dos olhos com o sono não casa,
A ânsia deságua sempre dentro de caixa quebrada,
Vazam deixando um rastro no quarto
Astros que se insinuam em conflitos no varal da noite,
No fim tudo é a grande a insolvência dos nervos, o desamparo da cama suada, somos filhos do quê?
Longas conversas onde tudo parece ser amplo demais, o que nos engole,
Desse universo de soníferos, de pequenas replicas de nós em aldeias cercadas pelos fantasmas que deseja aceso
No fim da linha do ônibus o entupimento entre o caos e o rush
Traz privações de sentido, que bom, não pretendo ver tudo,
Assim eu deito em consolo da nostalgia de um dia perfeito
No meu peito cabe e eu não me caibo em nada,
Esse pequeno universo que sou carece de espaço,
O lastro da minha nave é pouco, soçobro, aderno,
A cama é o tempo visível, a que sofre comigo os assombros dos pesadelos,
O inevitável desassossego das ondas, as tempestades onde eu nunca naufrago,
O peito exposto às intempéries dos tempos
O sono que chega do cansaço


Charles Burck



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