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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Canto para reconhecer o meu estado d’alma, a fissura por onde escorro para algum canto de Deus
Não dou alimentos às aves negras que bicam as mortes incrustadas em nós,
O que nos devora não vê a hora de abocanhar o amor,
A fragilidade dos dias nascidos para acolher os sensíveis olhares que esperam nem sempre chega a ser noites
Sabes que nem sempre o amor vem, quem sabe estava escrito que não era para ser assim,
Mas era, mas eu não acredito em todas as histórias, o desígnio realizador de tudo o que não há
O divino nos corta em pedaços e junta tudo novamente para nos ver diferentes do que somos,
Às vezes, a cabeça fica embaixo dos pés, os olhos esmagados no asfalto,
Outras me movo andando de costas antecipando-me ao amor em suspenso
Os suspiros dos bigodes tremendo, pronto para atacar,
Tudo se perde do seu curso quando ele avança,
Meu coração hesita ao animal vigilante, fibras que estouram e o gosto do sangue vem à boca
Pronto estou para a fuga,
Deus sabe dos meus vacilantes passos, dos conflitos que me tomam ao que meu tônus humano estanca a minha parte divina,
A sina dos vícios de ser carne e ossos, os nervos à parte, a ultima gota de sangue que vacila na ponta da agulha,
Dessa veia romanticamente rasgada, dessa sangria que nunca estanca, dessa seringa que suga tudo de bom que há em mim,




Charles Burck 


Lucia Sarto

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