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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

As cidades


A cidade não possui caráter, nem virtudes, nem virgindade, as cidades possuem ruas planas, praças curvadas, e viadutos pesados.
Assim meu amigo fez o prefácio, mas eu discordava de tudo
A cidade tem sim suas partes intimas e locais virgens, as virtudes apagadas e as luzes acesas,
Têm vícios e viços, mimos, destrezas, têm pelos expostos e futilidades em cursos duvidosos
A cidade pode ser um gozo divino ou porre demoníaco, moças corrompidas ou fechos quebrados
A minha rua reconheço certo caráter e uma certa melancolia, tem defeito de estrutura e  postura decidida
Mas me trouxe anseios, receios e felicidades
A minha rua tem um parque todo feito de azulejo, um pequeno oratório e uma chafariz de águas puras, mas há em todos os homens uma compulsividade de corromper os inocentes, a parte demente de si que deseja que todos sintam sua dor de viver a miséria de enlouquecer, de se perde de si, de sofre sua dor. 
É um egoísmo que também possui as cidades, o sentido manipulador ou o senso conservador de nada mudar.
O embrutecimento que concreta e que define os meios fios, as arestas e as linhas retas no meio dos jardins, a rudeza absoluta do nada explicar.
Não obstante, nada a glorifica, a luta se dá a cada obscuridade, cada batente, cada cômodo, cada semente que nasce de alguma melancolia.
A cidade judia dos pobres, um lado negro da sua sociabilidade impura, há uma guerra de interesses, um cadafalso onde a verdade tem duas cabeças, uma lua cheia e outra vazia, uma peregrinação penitente, as bocas carentes de gozos, os ventres paridos dos mortos expostos ao vivo.
Uma verdade que é uma grande mentira ou uma mentira travestida de verdade, engana a quem crer.
Uma construção de enganar a quem sonha, uma falsidade no portal de aceso – Bem vindo.
Um palco forjado para as velhas ideias, os dogmas vendidos em templos e os mistérios do amor excitados, lábios inchados de ser seviciado pela força bruta.,
Todo mundo sabe que as cidades do mundo são de veludos cingidas, meias de rendas, calcinhas Dior, perfumes das melhores essências, de uma dormência de subverter a razão, um cheque em branco em cada esquina.
O semáforo com somente a luz vermelha ligada
Um artificial cheiro de felicidades, uma vidente dizendo que o louco sou eu.
Tudo de divino é falsificado, tudo forjado no bezerro de ouro e nas estatuas de sal, as Sodomas e Gomorras expulsando Deus do céu artificial. 


Charles Burck 

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