Assim o frio
passa, ao aconchego ao passar o lápis na escrita,
Outras vidas,
outros sonhos, os mundos desbravados à força do acento,
O vento é um
vizinho mudando sempre de lugar, às vezes fala dos meus vazios, mas não reclama
porque o imito ventar,
O amor é tanto
como o vento, venta, às vezes mais do que o amor aguenta, ventar
Os redemoinhos
de pernas de saci, os ventos rabugentos que abanam as minhas orelhas,
Ventos de
bedelhos, de artelhos de dedões dos pés
E eu não vi
mais nada, os ventos arrebanharam os meus olhos, carregaram para perto dos
teus,
Acho que os
ventos ventam saudades, criam imagem de lembranças, perturbam as memórias que
estão arrumadas na estante, carregando-me às minhas outras moradas,
Sou, por
vezes, cativos, mas não quando escrevo, fico no quarto até anoitecer,
Nervos e ossos
mesclados num poema, a pele criando texturas como papeis de preencher corpos,
Aos dias,
quando há medidas, tendo a ir até às raízes mais fundas
A abrir os caminhos das águas, os níveis de sede que só se mata se amamos
Se pelo seu sorriso eu me aventurasse agora, achar-me-ia de súbito em profundas e longínquas alamedas
A abrir os caminhos das águas, os níveis de sede que só se mata se amamos
Se pelo seu sorriso eu me aventurasse agora, achar-me-ia de súbito em profundas e longínquas alamedas
Extraídas ao
que chamo, como o vento a arrepiar tua pele,
Eu sei, por
certo, que em dias de mais suspeitas paixões o meu coração chega ao teu,
Nas vírgulas,
nos pontos, nãos acentos, de todas as escritas, todas sentidamente palavras, carregadas,
escritas pelos ventos
Charles Burck
Guido Montañés
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