O
causo da língua poética
Que
língua é essa que não para, quando preciso calar o tempo,
Depois
ouvi os teus passos de dança, a um passo dos meus,
O
amor é comparsa de algumas armadilhas, repetia o canto desafinado no disco
arranhado
Neste
ensaio de vida, a dois passos de nós todo cuidado é pouco
são
preciso ouvidos atentos
O
poema muitas vezes come a língua dos poetas, numa inversão de valores, o
abstrato de endureceu nos prédios espelhados onde os andares não falam entre si,
Não
quero minha cabeça imortalizada numa praça qualquer, o prefeito fez um busto de
Shakespeare com a orelha decepada e um tampão de olho cego. Creio que ele quis
numa homenagem embutir três artistas
Vida
de desditas prefiro os artísticos instantes desatinados da tua língua safada,
sem nenhum argumento,
O serpentário
apareceu no lugar errado do céu, mas cada ato sempre significa alguma coisa, do
rio, só me lembro de ter amado as margens que iluminadas pelas luzes flutuantes
pareciam serpentes de papel coloridas vendidas nos parques de diversões
Bons
tempos sequestrados às lembranças, quando era possível caminhar pela cidade sem
ser molestado, acompanhado dos fantasmas de alguns escritores interessados em
trocar ideias,
Hoje
fazem-me falta as ruas que me falavam de sua lendas e suas calçadas gastam
pelos pés que passaram,
Não
se faz mais vidas ao caminhar dos dias, tudo se apaga dez minutos antes, essa
indefectível maneira de sentir a vida vai nos carcomendo, nos instilando uma
amargura de uma venenosa oratória.
Já
não vejo os poemas nas praças namorando abraçado, ou os estandartes nos postes
do bairro, as domingueira de bilhetes passados nos alto falantes do circo
As magoadas
erudições são os gritos nos muros, o gosto de dialogar reduziu-se à língua
insistente da minha namora, enchendo a minha orelha de um acalanto,
Os
poemas, dizem, são extensões do que somos. Não sei, me diz ele que e eu estou
perdendo a ternura
Charles
Burck
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