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quarta-feira, 30 de agosto de 2017


O causo da língua poética


Que língua é essa que não para, quando preciso calar o tempo,
Depois ouvi os teus passos de dança, a um passo dos meus,
O amor é comparsa de algumas armadilhas, repetia o canto desafinado no disco arranhado
Neste ensaio de vida, a dois passos de nós todo cuidado é pouco
são preciso ouvidos atentos
O poema muitas vezes come a língua dos poetas, numa inversão de valores, o abstrato de endureceu nos prédios espelhados onde os andares não falam entre si,
Não quero minha cabeça imortalizada numa praça qualquer, o prefeito fez um busto de Shakespeare com a orelha decepada e um tampão de olho cego. Creio que ele quis numa homenagem embutir três artistas
Vida de desditas prefiro os artísticos instantes desatinados da tua língua safada, sem nenhum argumento,
O serpentário apareceu no lugar errado do céu, mas cada ato sempre significa alguma coisa, do rio, só me lembro de ter amado as margens que iluminadas pelas luzes flutuantes pareciam serpentes de papel coloridas vendidas nos parques de diversões
Bons tempos sequestrados às lembranças, quando era possível caminhar pela cidade sem ser molestado, acompanhado dos fantasmas de alguns escritores interessados em trocar ideias,
Hoje fazem-me falta as ruas que me falavam de sua lendas e suas calçadas gastam pelos pés que passaram,
Não se faz mais vidas ao caminhar dos dias, tudo se apaga dez minutos antes, essa indefectível maneira de sentir a vida vai nos carcomendo, nos instilando uma amargura de uma venenosa oratória.
Já não vejo os poemas nas praças namorando abraçado, ou os estandartes nos postes do bairro, as domingueira de bilhetes passados nos alto falantes do circo
As magoadas erudições são os gritos nos muros, o gosto de dialogar reduziu-se à língua insistente da minha namora, enchendo a minha orelha de um acalanto,
Os poemas, dizem, são extensões do que somos. Não sei, me diz ele que e eu estou perdendo a ternura

Charles Burck 



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