O arame retorcido, o trinado soltou, o pássaro
voltou ao antro da vida,
Tinha as asas mortas e os pés deformados,
As rosas alteradas montaram-se em um buquê,
Uma coroa ornando um jardim devastado,
Os beijos de quimera surtiram efeitos,
Sufocaram o peito que ainda emanava amor,
Os instantes formam uma escrita a impregnar-me
as mãos,
Os ventos de vozes severas cobram-me uma
atitude,
Colho sôfrego os elementos dispersos,
A grande gaiola deu uma festa pela fresta por
onde o ar escapou
Soldaram uma algema à solidão nascida de duas
argolas de aço,
Prendendo os incautos à cruz errática, os dois
pulsos aprisionados a dois pecadores
A grande
e leve gaiola partiu-se em pleno ar,
Enquanto escrevemos no gesso as impressões
digitais,
Não temos palavras a nos dizer, somos cegos
tatuados de expressões vulgares
O bico do seio nas demandas das lonjuras ficou
entre os compassos dos arrepios,
Nas agruras das tulipas plantadas na varanda,
Aos iludidos buscam nas palavras melhores definições
A vida desmaia e as lonjuras cessam
Mas seguimos calados, o medo de dizermos uma
palavra errada O silencio não têm verbos, nós não temos gestos, não temos
vontades,
Somos dois pés descalços violando as flores,
Dois olhos sem procuras aferindo as luzes que
tememos,
Os pássaros fugiram às gaiolas, mas foram mortos
nas cercanias da cidade,
Enfrentaram felizes a morte, o que tinha que
ser para sentirem-se libertados
Charles Burck
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