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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O arame retorcido, o trinado soltou, o pássaro voltou ao antro da vida,
Tinha as asas mortas e os pés deformados,
As rosas alteradas montaram-se em um buquê,
Uma coroa ornando um jardim devastado,
Os beijos de quimera surtiram efeitos,
Sufocaram o peito que ainda emanava amor,
Os instantes formam uma escrita a impregnar-me as mãos,
Os ventos de vozes severas cobram-me uma atitude,
Colho sôfrego os elementos dispersos,
A grande gaiola deu uma festa pela fresta por onde o ar escapou
Soldaram uma algema à solidão nascida de duas argolas de aço,
Prendendo os incautos à cruz errática, os dois pulsos aprisionados a dois pecadores
 A grande e leve gaiola partiu-se em pleno ar,
Enquanto escrevemos no gesso as impressões digitais,
Não temos palavras a nos dizer, somos cegos tatuados de expressões vulgares
O bico do seio nas demandas das lonjuras ficou entre os compassos dos arrepios,
Nas agruras das tulipas plantadas na varanda,
Aos iludidos buscam nas palavras melhores definições
A vida desmaia e as lonjuras cessam
Mas seguimos calados, o medo de dizermos uma palavra errada O silencio não têm verbos, nós não temos gestos, não temos vontades,
Somos dois pés descalços violando as flores,
Dois olhos sem procuras aferindo as luzes que tememos,
Os pássaros fugiram às gaiolas, mas foram mortos nas cercanias da cidade,
Enfrentaram felizes a morte, o que tinha que ser para sentirem-se libertados



Charles Burck 

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