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segunda-feira, 21 de agosto de 2017


A poltrona laranja
Sentado na poltrona laranja diante da janela viajava em pensamentos
Do horizonte ao teto, do chão à luminária vermelha
Pendida como um sol dentro da sala, 
Um céu, apenas de difusa luz encarnada,
É o que eu tenho agora, quando nos temos à distância,
No peito o coração pendurado, a ler os teus olhos
Que nem sempre a mim se mostraram,
Poemas que eu arrisco coletar nos mistérios de ti
Deixa-me sonhar os mitos, os deuses loucos sem perguntas elaboradas,
Deixa-me adormecer no alheio mundo sem cotas de tempo
A vida alongada nos desenganos de coisas perdidas,
Que não te assustes comigo, apenas penso que sonho,
Mas no colo da poltrona cabem bem mais que um
O convite formulado ficará pulsando no teu seio,
Um anjo sustenido infernizando os teus pensamentos
Uma quase vontade de tudo largar e um natural fenômeno de se dar ao amar
De se grudar no sacro bendito e voar ao aconchego da poltrona como asas angelicais
Esse sabor de experimentar-me melhor a invadir-te as veias e o cérebro,
Tão veemente álcool criando azular de céus e das estrelas,
Gozos a cunhar sobre abóbadas celestes, lanternas japonesas,
Amor sem pesadelos.
O pior agora passou, sorria então,
Todas as mortais angústias vencidas, as rimas sem conexões,
A maldição do poema, tudo passou ante os meus olhos,
A maldade da separação, os pontos de interrogações,
Tudo queimado no bafo do anjo limpando as bocas aos sagrados beijos
Tudo ao conforto da poltrona laranja


Charles Burck


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