Ele pôs a roupa de morrer e saiu para
trabalhar,
Não olhou para trás não tinha tempo
estava atrasado,
Entre as palavras, valorizou o silêncio
que escorria de suas lágrimas,
Podia não saber os nomes, mas jamais
esqueceria de cada rosto que passava,
Um daí se houvesse tempo se casaria com
alguém, não apenas para estar juntados, comer, deitar e dormir ao lado
Mas para chorarem juntos o tamanho do
amor que sentissem,
Ele fumava um cigarro atrás do outro, a
morte também tragava, gostavam da brasa vermelha brilhando na noite escura,
Entre as palavras, escondem-se tantos
fatos, morrer só é um ocorrência para que ficam, aos que partem é só um apagão,
Todos os ossos têm um acordo de se
manterem juntos, o arcabouço de cálcio caminha de volta ao cais onde nasceu,
Talvez a salinidade do mar tenha trazido a ferrugem
Talvez a salinidade do mar tenha trazido a ferrugem
O gosto do cansaço na boca,
Flechas são atiradas a todos os dias dos
céus, protejam-se da mira dos anjos,
Pintem o rosto de preto e usam a
armadura dos justos,
Viver para sempre não posso, mas sou
poeta, posso desconversar a morte e
ludibriar os anjos
Charles Burck
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