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terça-feira, 20 de junho de 2017

Apesar de ferido ainda me ombreio com a dor,
Deixaria neste livro, escrita toda a minha alma.
Passagens, paisagens, horas vivas,
Os livros me enchem a vida de ocupação,
E absorvem qualquer dor em mim contida


Sopram como os ventos, para longe as tristezas,
Enchem-me as mãos de flores e estrelas
e lentamente passam-se as horas!


Que amargura tão funda há de mirar as páginas?
O que dirá o coração ocupado da leitura?
Das penas que passam e das dores que alçam voos
Como a ave que se lança ao espaço


Ver passar os espectros de vidas antes aos olhos que os miram
Ver despida a amada, em asas que sintetizam o que somos
Síntese do mundo os braços que laçam nossos corpos em sonhos


Livro de poemas, de passados mortos
De outonos vindos, em versos e folhas que caem
A primavera e verão em luz e flores que nascem no peito
Estranhas distâncias do frio do inverno
O poeta não explica sua grandeza em palavras
O Deus compreende tudo o que é incompreensível,
ao mundo


Aos que odeiam e não sabem do valor do amor
Nem da chama que arde agora em nós dois
Das coisas impossíveis que superamos
Das noites escuras que fizemos brotar nos céus, estrelas


Dos versos, em rosas lavando o sangue
Dos que matam os poetas e os violentam os puros
Das tardes que choram cingindo os fantasmas de quem
Violou a menina, a flor e o poema


Isso é vida, expurgando a ânsia,
esperando o que leva nossa casa ao fluxo do universo
Aos astros que passam pelo silêncio do mundo
escrevendo no céu em estrofes douradas
Os sentidos de minha alma
A do poeta que sangra





Charles Burck 




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