Apesar de ferido ainda me ombreio com
a dor,
Deixaria neste livro, escrita toda a
minha alma.
Passagens, paisagens, horas vivas,
Os livros me enchem a vida de
ocupação,
E absorvem qualquer dor em mim
contida
Sopram como os ventos, para longe as
tristezas,
Enchem-me as mãos de flores e
estrelas
e lentamente passam-se as horas!
Que amargura tão funda há de mirar as
páginas?
O que dirá o coração ocupado da
leitura?
Das penas que passam e das dores que
alçam voos
Como a ave que se lança ao espaço
Ver passar os espectros de vidas
antes aos olhos que os miram
Ver despida a amada, em asas que sintetizam
o que somos
Síntese do mundo os braços que laçam
nossos corpos em sonhos
Livro de poemas, de passados mortos
De outonos vindos, em versos e folhas
que caem
A primavera e verão em luz e flores
que nascem no peito
Estranhas distâncias do frio do inverno
O poeta não explica sua grandeza em
palavras
O Deus compreende tudo o que é
incompreensível,
ao mundo
Aos que odeiam e não sabem do valor
do amor
Nem da chama que arde agora em nós
dois
Das coisas impossíveis que superamos
Das noites escuras que fizemos brotar
nos céus, estrelas
Dos versos, em rosas lavando o sangue
Dos que matam os poetas e os
violentam os puros
Das tardes que choram cingindo os
fantasmas de quem
Violou a menina, a flor e o poema
Isso é vida, expurgando a ânsia,
esperando o que leva nossa casa ao
fluxo do universo
Aos astros que passam pelo silêncio
do mundo
escrevendo no céu em estrofes
douradas
Os sentidos de minha alma
A do poeta que sangra
Charles Burck
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