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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Em um momento sem paz escrevi o que eu não queria dizer
Nas mãos, ainda dobrado o poema,
Em cada instante o tempo me ensina a crescer,
Donde aceno ao virar a esquina
Onde se desfolhavam despedidas
Já escrevi vento fresco, amor maduro sem cascas,
Já escrevi na areia coisas que não ficaram,
Coisas que sangram, coisas sensuais, pecaminosas ou castas
Em tinta fresca dores que secaram,
No gesso sentimentos que quebraram,
Mas há coisas hesitadas, palavras guardadas que da pena não saem
Coisas nossas já brotadas, e que eu ainda não sei como dizer
Vestígios teus colho ainda a cada lapso de tempo,
Sôfrego, bebo os não argumentos que pousam no batente da janela
Grãos de areia que vagueiam nas línguas de vento,
Saudades sonoras pedindo abrigo,
Canções que não ouço, ouvidos cobertos com o travesseiro
Testemunhos de dores que não escrevo


Charles Burck


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