Intemperies
Todas as noites num só lapso da boca aberta, ao suspiro, ao espanto à solidão diluindo tudo
Ao contágio da mágica fermentada na mistura de vagas madrugadas e imprecisas auroras,
O olhar ferino do bicho solto prepara o salto, a presa solta o grito ao céu exposto
Firo-me todos os dias de olhares e gestos, criticas e censuras e dispo-me para me parecer mais eu,
As chuvas lavam feridas e gotejam sangue nas marquises à volta,
Nas lâminas dos telhados o dissimulado luar minguante cerceia a plena luz branca
E o calor lacerava, vicio da fome persiste e eu não tenho teto
Escrevo a cada afeição emanada no embate com a palavra suavizada pelas tuas lembranças,
Queria furtar o teu sorriso e pendurar na moldura, o instante a estancar as intempéries
Mas comovo-me comigo mesmo, de mim mesmo, de chorar pó, substâncias de lágrimas vazadas às pressas, quando deveria gritar toda raiva que nasce do meu pânico de jamais voltar a vê-la
Eu tenho todas as urgências, de mim, de ti e os céus azulando meus álibis de fugas,
Minhas inconstâncias de não saber onde a minha alma descansa, de não saber onde o meu corpo apodrece,
De não saber uma palavra sequer que te peça para voltar
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