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quarta-feira, 29 de março de 2017

Uma loucura de sonhos eram as nossas vidas,
As nossas vidas todas, o amor era cenário a mais,
Mal o percebíamos então,
Vivíamos horas impossíveis, sem termos, regras
Mal sabíamos de nós,
Os corpos aturdidos, os sangues misturados nas veias,
A boca alimentando salivas, beijos dando vida à vida,
À nossa realidade apenas,
Mergulhávamos e emergíamos do nosso mar de paixão,
A paisagem amorosa tomada de si própria. . .
Assim éramos os dois,
Os meus sonhos eram os teus e os teus somente meus;
Quem tramou contra nós?
As noites escuras traíram as estrelas;
O crepúsculo fecundou o horizonte de ilusórias paixões?
A aurora não trouxe novos tempos
O isolamento dos exilados é o que me sobra,
As minhas mãos sem o toque dos teus afetos,
Os olhos parados cheios de tédios procuram os teus
Minha perpetua mudez, silenciou a minha voz
A minha imagem perdeu-se de si;
Teu coração pulsará em sintonia ao meu;
Teus lábios ainda proferem o meu nome eu sei,
Mas onde?
E a minha alma onde andará agora
Se nem sabe o meu nome
Se só chama o teu


Charles Burck


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