Todas as
nossas águas fluem
A que
molha e a que corre,
Sei que tantas
águas me trazes,
A que
molha e não dói
A que
vaza, a que junta nossas almas,
Que se
repetem, e parecem tão novas,
As que
surpreendem, nos fazendo crescer,
As que nos
levam adiante
As que
sempre te encharcam,
as que
vazam de alegrias dos olhos,
Dos teus
seios,
Da tua
boca,
As que
entre as tuas pernas aliviam o tamanho do desejo,
As que
refletem a admiração dos meus olhos,
As que
refletem a tua face quando eu lembro
Charles
Burck
Estorvo
O amor que
eu dei, ela não compreendeu,
Perdeu-se
em versos soltos em caminhos mortos,
Desenhando
lugares onde lugares não há,
Mas as
lembranças não partem,
A
felicidade que um homem planta extravasa o seu jardim,
Pula o
muro do vizinho e dá muda em outras hortas,
Eu de mim
me doou de colheitas fartas,
Amor não
falta, falta a intenção de quem o sinta
O que
possa parecer farelo sobre a mesa
Podem ser
perolas douradas, letras de canções,
A musa deu
adeus ao poeta e foi morar em outros poemas,
Ainda
sento na surrealidade do avarandar e morro todos os dias,
Pensando
nela
Cato
lembranças dos seus olhos fora de foco, fios das tranças mal feitas,
Mas o amor
apodrece na rua, sem sepultura, ao relento da noite,
Cobrem-lhes
as estrelas, o olhar caridoso de algum pobre infeliz,
Aos que
passam chutam-no como a cachorro morto,
Xingam e
zombam, sem compreenderem que o estorvo,
Só sonhou
algum dia fazê-la feliz...
Charles
Burck
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