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sexta-feira, 31 de março de 2017

Eu a amo, e mais depois do beijo roubado, divago ao sabor que deseja e sonha saber, 
Mas não é por isso que eu digo que a amo - é mais...
O meu peito sabe o que bate, as ondas que não sossegam mais depois de tudo 
Provado o paladar da fruta madura os passarinhos cantam inquietos e se aninham ao calor das coisas que lhes falam do mundo
O amor é amor, puro e em essência, no que dizemos, no que vemos e no que não vemos, 

Você que me suga, me alimenta, você que me oferece o corpo me dá a alma, 
O frenesi que me acalma me incita e me acaricia até me fazer dormir, 
Os olhares desnudos não apenas lhe despem, mas enxergam mais longe, mais dentro, 
Mais profundos 
Fazem-lhes mais bonita, acrescentam ao batom, os lábios, 
Ao vestido. o corpo que encaixa perfeito, 
Teço as curvas, linhas da nuca, o contorno dos olhos, a elevação dos seios, 
O violoncelo das nádegas, o pincel nas curvaturas da cintura, o manuseio do cinzel da escultura a fazer a abertura desejada, 
As tintas ao tom da mulher que eu amo, 
O abstrato sentimento da arte a produzir tuas formas, 
Eu a amo, o amor inteiriço do coração, o que não é a carne de que é feito, que se desenha além da matéria, 
A sua natureza, a flor e a folha, fauna e flora, o que desabrocha e o que permanece a habitar meus caminhos, meu destino, minhas lonjuras, 
Meus instantes de hesitar, as minhas limitadas percepções de ver o quanto há mais em você. 
Eu que ainda poeta não saberei descrever cada mais que há e me toma, 
Assim a amo na memória perdurável que de tudo, e que em mim a cada dia mais se alastra..

Charles Burck

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