Um adeus, às vezes, demora para
sempre,
Às vezes fica passando nas águas
lépidas dos rios cristalinos, ou nas tempestades de granizo quebrando telhados,
O pé de figo morre faminto de
carinhos, de sedes,
As sedes, às vezes, não são de águas,
A mariposa com as asas carregadas de
solidão pensa que a luz é a solução,
O pombo correio voltou sem respostas,
A dor sempre tem suas próprias
razões, mas a minha não,
Vejo na nuvem solitária um verso
desenhado nos contornos,
Que despencam sobre a minha casa ao entardecer,
A coragem de sair a procura do que
mal sabemos me toma,
Uma decisão impensada calcada nos pés
famintos,
A caminhar nas calçadas das noites
adentro,
Investigando o pouco que temos, o
mapa da palma da mão,
Detalhes no silêncio, os olhos que piscam
alguma luminosa mensagem ao longe
A vontade absoluta de compor alguma
melodia a ela,
O espelho do passado é um capricho
perverso,
Fica passando as imagens como reza
silenciosa de agora.
Estranhos nomes, medidas inexatas, formulas enganosas que mostram paisagens do dia que se perdem à medida avançamos
Estranhos nomes, medidas inexatas, formulas enganosas que mostram paisagens do dia que se perdem à medida avançamos
Enquanto desfio cada teia desse
emaranhado romance,
Penso que nem tudo está perdido,
O cachorro sorrir, a aranha escreve
uma linha, penso no na rota desenhada nas estrelas,
A menina da bicicleta cortou os
cabelos, perdeu as tranças, gritou-me algumas palavras carregadas no vento,
Perdeu-se na cidade dos sonhos
A rua chora cansada, os meus pés
também,
Era tudo um quase... Quase ser, quase
isso, quase verdade,
Escrevi duas cartas a mim mesmo,
notas mentais de extremos desgastes,
Um apelo abraçado a um gritando em
mim
Tenho fé imensa que quebrando o
espelho tudo se desvaneça em fim
Charles Burck
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