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quinta-feira, 6 de abril de 2017

Um adeus, às vezes, demora para sempre,
Às vezes fica passando nas águas lépidas dos rios cristalinos, ou nas tempestades de granizo quebrando telhados,
O pé de figo morre faminto de carinhos, de sedes,
As sedes, às vezes, não são de águas,
A mariposa com as asas carregadas de solidão pensa que a luz é a solução,
O pombo correio voltou sem respostas,
A dor sempre tem suas próprias razões, mas a minha não,
Vejo na nuvem solitária um verso desenhado nos contornos,
Que despencam sobre a minha casa ao entardecer,
A coragem de sair a procura do que mal sabemos me toma,
Uma decisão impensada calcada nos pés famintos,
A caminhar nas calçadas das noites adentro,
Investigando o pouco que temos, o mapa da palma da mão,
Detalhes no silêncio, os olhos que piscam alguma luminosa mensagem ao longe
A vontade absoluta de compor alguma melodia a ela,
O espelho do passado é um capricho perverso,
Fica passando as imagens como reza silenciosa de agora.
Estranhos nomes, medidas inexatas, formulas enganosas que mostram paisagens do dia que se perdem à medida avançamos
Enquanto desfio cada teia desse emaranhado romance,
Penso que nem tudo está perdido,
O cachorro sorrir, a aranha escreve uma linha, penso no na rota desenhada nas estrelas,
A menina da bicicleta cortou os cabelos, perdeu as tranças, gritou-me algumas palavras carregadas no vento,
Perdeu-se na cidade dos sonhos
A rua chora cansada, os meus pés também,
Era tudo um quase... Quase ser, quase isso, quase verdade,
Escrevi duas cartas a mim mesmo, notas mentais de extremos desgastes,
Um apelo abraçado a um gritando em mim
Tenho fé imensa que quebrando o espelho tudo se desvaneça em fim


Charles Burck 









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