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domingo, 9 de abril de 2017



Nunca, é assim mesmo, faz de conta que não volta, mas está presente ao que dele falamos,
Saber, ainda que longe, que os teus pés caminham sem mim, é correr o mundo contigo,
Dançar o que não me cabe, trocando voltas de passos marcados ao que os dias me deixaram.
Não importa se fostes, a partida nem tudo nos leva, se a conclusão é que daqui nunca saíste, fica então.
Nem mesmas as tuas recusas descerram os teus braços, se os teus olhos se renunciam aos meus, ainda te vejo a não me olhar, e a eles pertenço
O deitar ao teu colo é uma forma de ser, o tecido que se esgarça, mas que ainda cobre a nudez. Como se desfaz o que é?
E os sonhos são sementes que brotam, frutificam e apodrecem, mas a terra tece as sementes que caem e dão vida de volta ao ciclo vital.
Germinam no ventre da gente e precisam de cuidados, como filhos amados, famintos pedindo o seu quinhão de alimento e vida,
E te sugam e te mordem, te comendo os pedaços,
Do outro lado é o futuro, um tempo que sabemos depois, mas que sempre chega antes se nele pensamos,
Um tempo que somaremos aos que tivemos, tempos colhidos aos que me nos restam,
Formatando o teu sorriso como se esticasse a linha do horizonte, é para lá dessa linha que começa o que sonhamos, onde os ventos nos levam
O caminho da minha casa é interior, onde a paz me toma, onde eu me deito, oro e me acolho, os voos pertencem às aves, as tonturas aos homens.
Só quando sonhamos nossos sonhos, nos livramos das vertigens,
As asas nascem dentro da gente e nos fazemos pássaro então
Na procissão dos fatos os ventos ruidosos apagam as velas, não há pecado algum em chorar, mas desejo querer entardeceres que não briguem com as noites,
Ainda que as manhãs não se manifestem, eu não choro por ela, eu vivo os meus dias plenos, as coisas boas ainda me tomam,
Os nuncas nunca são para sempre e sempre nos dissemos isso,
O futuro não fala nada do que ele é, nada sei do que há de vir, e o que foi transformo em caminhos,
Os nuncas ainda me falam dela, das aventuras de viver.
Eu sei olhar nos olhos dele, assim como ela ainda me olha de longe atenta a desvendar os rumos que eu tomo,
Há cansaços acumulados nos corações dos homens, no peito dos dias as arritmias não me tolhem os passos, lanço os meus cantos e uso as ondas e as aragens para navegar bem mais longe.
Chegar a ti é um ato solitário, as velas sabem de mim, à solitude dos gestos dou bússolas ao barco, faço-me vento, homem queimado ao sol,
Entrego-me à intimidade dos afetos perene, sigo em frente, rumo ao lugar a que pertenço.
Nas minhas certezas nada me perturba, eu não me apresso então, na Terra do Amor nada tem pressa...
Charles Burck

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