Flores cresciam por todas as partes
Como lobos em períodos de seca
Demo-nos pêsames e soubemos que tudo
tinha morrido
E eu gostava da chuva e ela dos
pingos,
E ela gostava do outono e eu das
folhas caídas
E imaginávamos desenhando caminhos
nos mapas,
E enviávamos-nos cartas de amor
eterno como se morássemos longe
Com gotas de perfumes, com folhas
secas
Pensávamos que porque nos amávamos, ser
inevitável que tudo morresse menos o nosso amor,
E um dia sem sabermos como o eterno
padeceu
Eu me lembro dela com seus vestidos
longos, floridos,
De dançar sozinha no meio da noite,
Sei bem que ela se lembrará de meus
cafés com cheiro de ir longe,
Do meu jeito de receitar poemas
enquanto caminhava,
Mas não perdi o costume de sonhar,
Alongo os meus braços na vontade de
me estender, de me tornar imenso, maior do que ela possa imaginar,
Há tantas coisas a serem feitas, e eu
a procuro com palavras,
Todas as noites uma estrela me falará
dela
Abrir uma porta de alguma esquecida
rotina.
Algumas coisas hão de se ajustarem de
novo às rotas
Os poemas não dormem jamais, têm
eterna visão do futuro
Charles Burck
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