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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Só te curves para amar 
Aos que amam só cabe a transparência, os jogos dispensam-se
No fim das causas nada é justo, mas há a lucidez ao que chega o dia
O amor é dizer-vos assim com os olhos, levitando sobre o azul que afasta os medos,
O amor é o céu sobre os infernos
Quando eu te digo as verdades já não há outras causar a me possuir,
Ainda que eu não te tenha escrito um livro,
A minha vida não nega a tua,
Não há rascunhos nem floreios, há o que eu te digo
Das páginas puras por onde se derramam as madressilvas,
Do carmim das framboesas selvagens já marquei tua boca
O aroma dos infinitos carvalhos que se entregam ao abandono
A luz da beleza que assoma dos canteiros sem contorno desnecessário, sem um desvio sequer
Diz-me que me amas, diz só uma vez, não negue-me nada o que venha de ti,
Diz-me ainda que seja mentira, ainda que eu me encarregue de dourar o sentido de todas coisas
Diz-me ainda que as minhas vistas escureça e eu sinta o som da palavra dita a transpassar-me o peito
Mas diz-me, diz-me antes que tudo aconteça, diz-me agora da boca que nuca veio


Charles Burck  



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