Translate

sábado, 14 de julho de 2018


Num sonho, depois de abandonado, vi-me gotejando de um telhado,
Eu, cada pingo, quedado lento e o solo à minha espera,
É improvável que eu estivesse acordado, mas sonhava eu sei,
A saliva por vezes mata, o silvo da cobra, o solo de guitarra forjando os sons dos lamentos, também
A faca e as pressas mais perto da garganta, o sobressalto de quem vive,
As certezas são as mais otimistas e se bem alimentadas nos aumenta as pupilas,
Pessimismo rasteja, armadilha escura e sem promessas, a oração subjetivada no átrio vazio, na igreja inventada,
No fundo do peito corroendo as palavras que dariam versos,
O corvo no coro, canta intenções e anuncia os tempos passados, vende ilusões a preço baixo no centro das lojas populares
Mas a sede impulsiona para frente a sede, o brilho da água, a vontade indômita
Acordei com sede, era improvável que eu estivesse adormecido, disso eu sei
Ainda estou molhado


Charles Burck






Nenhum comentário:

Postar um comentário