Num sonho, depois de abandonado,
vi-me gotejando de um telhado,
Eu, cada pingo, quedado lento e o
solo à minha espera,
É improvável que eu estivesse
acordado, mas sonhava eu sei,
A saliva por vezes mata, o silvo da
cobra, o solo de guitarra forjando os sons dos lamentos, também
A faca e as pressas mais perto da
garganta, o sobressalto de quem vive,
As certezas são as mais otimistas e
se bem alimentadas nos aumenta as pupilas,
Pessimismo rasteja, armadilha escura
e sem promessas, a oração subjetivada no átrio vazio, na igreja inventada,
No fundo do peito corroendo as
palavras que dariam versos,
O corvo no coro, canta intenções e
anuncia os tempos passados, vende ilusões a preço baixo no centro das lojas
populares
Mas a sede impulsiona para frente a
sede, o brilho da água, a vontade indômita
Acordei com sede, era improvável que
eu estivesse adormecido, disso eu sei
Ainda estou molhado
Charles Burck
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